Trump consegue “desconto” na compra do novo Air Force One

Casa Branca anunciou acordo com a Boeing para aquisição de dois 747-8 que serão usados pelo presidente dos Estados Unidos
Projeção do novo Air Force One, baseado no 747-8 (Boeing)
Projeção do novo Air Force One, baseado no 747-8 (Boeing)

Depois de reclamar publicamente que o novo Air Force One, avião presidencial dos Estados Unidos, era muito caro, Donald Trump diz ter conseguido um imenso desconto ao anunciar nesta terça-feira (27) um acordo com a Boeing. A fabricante americana irá fornecer dois 747-8, a mais recente versão do avião de passageiros, devidamente adaptados para uso presidencial por US$ 3,9 bilhões (R$ 12,7 bilhões).

Segundo a Casa Branca, houve uma substancial redução no preço, de pelo menos US$ 1,4 bilhão enquanto a Boeing declarou via Twitter que Trump “fez um bom negócio em nome do povo americano”, mas um analista ouvido pela agência Reuters garante que não havia margem para descontos.

Comparado ao preço unitário de um 747-8, de cerca de US$ 400 milhões, cada Air Force One terá um acréscimo de mais de US$ 1 bilhão. Ou seja, o grande fator que encarece o avião presidencial está nos sistemas e equipamentos necessários para adaptá-lo para ser usado pelo mandatário norte-americano.

Para desempenhar essa função, que exige que o avião voe mesmo em caso de guerra nuclear, é preciso modificá-lo para receber sistemas de defesa, comunicação avançada, além de uma estrutura interna que permita que seus ocupantes possam ficar no ar por um longo período – o Air Force One atual pode ser reabastecido em voo.

Apesar do anúncio, trata-se de um acordo informal que ainda precisará passar pelo crivo do Congresso americano.

Do improviso às adaptações caras

O Air Force One surgiu da necessidade de dedicar uma aeronave específica para transportar o presidente dos Estados Unidos, uma praxe vista em quase todos os países atualmente. Mas os americanos, diante da sua presença global e influência de sua economia, foram aos poucos tornando o avião presidencial um projeto muito mais complexo do que a mera tarefa de ser um meio de transporte. Ele é hoje como uma extensão com asas da Casa Branca.

Mas a ideia de criar um avião presidencial surgiu quase por acaso durante a Segunda Guerra Mundial. Até então, o presidente Franklin Delano Roosevelt viajava em aviões civis e militares ligeiramente adaptados. Foi em 1943 que a então USAAF (antiga aviação do exército americano) decidiu preparar uma unidade do avião C-87 Liberator, versão civil do bombardeiro B-24, para que Roosevelt pudesse usá-la sempre que preciso. Dois anos mais tarde, um novo avião foi escolhido para a função, o C-54 Skymaster, versão militar do Douglas DC-4, um quadrimotor com maior alcance e perfil mais adequado para levar passageiros.

O presidente John F. Kennedy a bordo do Air Force One (USAF)

O sucessor de Roosevelt, Harry Truman, substituiu o C-54 pelo C-118, nada mais do que um DC-6 para o serviço militar. Mas foi na administração de Dwight Eisenhower (1953-1961) que o avião presidencial tornou-se o “Air Force One” e por conta de um episódio em que um voo da companhia Eastern Airlines estava no mesmo espaço aéreo da aeronave presidencial, porém, ambos com o código “8610”. Temendo colocar o presidente americano em risco, a força aérea criou o codinome “Air Force One” para designar o avião oficial do presidente.

Reagan comprou, Bush usou

Eisenhower utilizou o Constellation antes de ser o primeiro presidente americano a voar no VC-137, versão VIP do Boeing 707 em 1959. No entanto, coube à John F. Kennedy estrear o 707 presidencial, na sua versão militar C-137 com maior alcance, nomeados internamente de SAM 26000 e SAM 27000. Foram eles que introduziram a pintura presidencial conhecida até hoje.

Durante os funerais de Nelson Mandela, George W. Bush e Barack Obama viajaram juntos no Air Force One (Michelle Obama)

A carreira do 707 foi longa: o primeiro avião voou até os anos 1990 na administração Clinton, enquanto o segundo aparelho disponível fez seu último voo com George W. Bush em 2001 – a força aérea substituiu as aeronaves originais durante esses anos.

Foi Ronald Reagan que na década de 80 encomendou o 747 como avião presidencial. Com a sigla VC-25, o avião da Boeing foi selecionado numa concorrência lançada em 1985 e voou pela primeira vez em 1987. Baseados no 747-200, os dois Air Force One, no entanto, só ficaram prontos para serem usados por George Bush a partir de 1990. Desde então viajaram pelo mundo levando a bordo de  democratas como Barack Obama a republicanos como Donald Trump. A pergunta que fica no ar é: será que o atual presidente dos Estados Unidos estará na Casa Branca a tempo de receber o novo Air Force One?

Donald Trump desembarca do atual Air Force One: será que ele estará na Casa Branca quando o novo avião ficar pronto? (USAF)

Veja também: Boeing 767 da FAB realiza primeira missão de evacuação aeromédica

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