Vale a pena trocar velhos 717 pelo 737 Max? É o que a Delta Air Lines pode fazer

Em negociação intrincada, companhia aérea devolveria à Boeing 91 unidades do jato derivado do MD-95 em troca de uma encomenda de 100 aeronaves novas
Boeing 717-200 da Delta: troca com troco (redlegsfan21)
Boeing 717-200 da Delta: troca com troco (redlegsfan21)

Um acordo incomum estaria sendo discutido entre a Delta Air Lines e a Boeing, para uma possível troca dos velhos jatos 717 por uma encomenda de 100 unidades do 737 Max, segundo revelou o site Air Current. Mas, afinal, por que a companhia aérea dos EUA, que pretendia operar o birreator até 2030, teria decidido devolver 78 aeronaves alugadas pela própria Boeing além de outras 13 que pertencem à ela para trocá-los por um jato maior e que não estava em seus planos?

O motivo para que a Delta pense em se livrar do 717, uma versão do MD-95, da McDonnell Douglas, seria a economia obtida pelo fim dos pagamentos pelo aluguel desses aviões. A crise do coronavírus criou um problema novo, o de que aeronaves alugadas custam muito mais sem voar do que aviões próprios.

A Delta, inclusive, é uma das companhias aéreas mais blindadas contra isso já que é dona de 80% dos aviões da sua frota, incluindo todos os caros widebodies. Restam, no entanto, cerca de 190 aeronaves alugadas das quais o 717 representa 40% do total.

Com idade média de 18 anos, o jato da Boeing nem é tão velho quanto os MD-80 e MD-90 que permanecem em uso e que começaram a ser retirados de serviço recentemente. Mas sua função na frota está sendo assumida pelo A220, o moderno avião desenvolvido pela Bombardier que os vendeu para a Airbus. Ambos oferecem 110 assentos em três classes, mas o jato canadense é extremamente eficiente.

O 737 MAX 7 pode decolar com peso máximo de 80 toneladas (Boeing)
Delta poderia protelar entrega do 737 Max para um período em que o mercado esteja normalizado (Boeing)

Ou seja, a troca serviria mesmo para que a Delta reduzisse seus custos atuais ao mesmo tempo que aproveitaria o excesso de oferta do 737 Max, que já perdeu centenas de pedidos, para conseguir um preço atraente por eles. Já o que fazer com esse aviões é um mistério. A companhia aérea tem investido como nunca nos jatos da Airbus e mesmo que opte pela versão Max 7, a menor da linha e quase sem clientes, a Delta terá de colocá-los no lugar de aeronaves como o A319, por exemplo.

O excesso de oferta, entretanto, é um problema mais imediato para a Delta. Ao dispensar quase 100 aviões, ela corta custos imediatamente enquanto  pode programar a entrega dos 737 Max para um período mais distante, quando o mercado estiver normalizado. Já para a Boeing, fechar um novo acordo pelo criticado 737 Max soa como mágica, mesmo que isso signifique receber quase uma centena de velhos aviões, que quase com certeza acabarão armazenados em algum aeroporto no deserto.

O 717-200, vulgo MD-95: espólio da McDonnell Douglas (Boeing)

Quem é esse tal de 717?

Acostumados que estamos à sequência crescente das designações dos jatos da Boeing, o quase desconhecido 717 faz muita gente coçar a cabeça. Afinal, de onde veio esse avião? Pouca gente sabe mas o autêntico 717 é o C-135 Stratolifter, jato quadrimotor derivado do protótipo 367-80 e que também deu origem ao famoso 707. Usado como avião de transporte militar e também de reabastecimento aéreo na versão KC-135, o “717” original possui fuselagem mais curta e estreita e nunca chegou a ter uma versão comercial lançada.

Quando assumiu a McDonnell Douglas, em 1997, a Boeing chegou a pensar em fechar a linha de produção do MD-95, a variante menor e mais atual da família DC-9/MD-80/MD-90, e que foram os primeiros rivais do 737. Mas a fabricante acabou relançando o modelo no mercado com a designação 717-200 – sim, para diferenciá-lo internamente do 717-100, o quadrirreator militar.

Apesar de ter chancela da Boeing, o novo 717 foi um enorme fracasso de vendas, com apenas 156 unidades produzidas e, como visto, mais da metade delas nas mãos da Delta, por enquanto.

C-135 Starlifter: ele foi o primeiro e autêntico “717” (USAF)

Veja também: Delta Air Lines confirma ter assumido dez A350 da Latam

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