10 grandes companhias aéreas que não dão a mínima para a Embraer

Fabricante brasileira tem mais de 1.500 aviões da série E-Jet voando pelo mundo, além de centenas de ERJs, mas algumas empresas passam longe deles
Jatos da família E2: mesmo com cerca de 2.400 aviões produzidos há quem não demonstre interesse por eles (Embraer)
ERJ-135 da Continental Express (hoje parte da United): Embraer estreou jatos regionais há 23 anos (Embraer)

Há 23 anos, os jatos comerciais da Embraer voam diariamente pelo globo exibindo a pintura de dezenas de companhias aéreas. Entre elas estão algumas das mais conhecidas e também maiores empresas do setor como a American Airlines, Delta e United, KLM, Alitalia e Lufthansa. A série ERJ, em serviço desde 1997, teve quase 900 aeronaves entregues enquanto a família E-Jet ultrapassou a marca de 1.500 aviões produzidos em julho.

Mesmo com tantos jatos entregues, há várias grandes companhias aéreas que simplesmente ignoraram os aviões brasileiros até hoje. Há razões justas para isso como o fato de parte delas não operar aeronaves regionais. As gigantes do Oriente Médio são um bom exemplo: Qatar, Etihad e Emirates são focadas em voos de longo curso e mal possuem aviões de corredor único. Vale observar que a Emirates até opera um avião da Embraer, mas o jato executivo Phenom 100, usado para treinamento.

Outras empresas de baixo custo adotam o conceito de frota única, caso da Southwest, dona do maior número de Boeing 737 do planeta, e da própria Gol, também focada no jato americano.

A ausência desses potenciais clientes chama a atenção porque a nova geração de jatos comerciais da empresa brasileira tem se ressentido justamente de nomes mais conhecidos. Os E2 até agora só fazem parte dos planos de duas grandes companhias aéreas, a Azul e a KLM, neste caso unidades arrendadas. Um cenário bem diferente dos primeiros anos dos E-Jets, que acabaram sendo vendidos para várias companhias famosas como a JAL, Air Canada e JetBlue.

Veja a seguir 10 grandes companhias que optaram por não voar com os jatos brasileiros:

A companhia Aeroflot, da Rússia, é o maior operador do Superjet 100, com cerca de 60 unidades em serviço (UAC)
A companhia Aeroflot, da Rússia, é o maior operador do Superjet 100, com cerca de 60 unidades em serviço (UAC)

Aeroflot

A gigante companhia aérea da Rússia, surgida nos tempos do comunismo, não usa aviões brasileiros e uma das razões envolve o “patrocínio” do concorrente local do E-Jet, o SSJ100. Produzido pela Sukhoi, o modelo tem sido um problema para suas clientes, mas para a Aeroflot trata-se de uma questão de orgulho. Ou seja, será difícil ver um E2 nas cores da empresa algum sia.

All Nippon Airways

Rival da JAL, que é cliente da Embraer, a ANA não voa com nenhum avião brasileiro. Em vez disso, optou por ser a primeira companhia aérea a encomendar o SpaceJet M90, problemático jato regional japonês. Como se comentou nesta semana, a Mitsubishi deve na melhor das hipóteses reduzir o investimento no projeto, que está vários anos atrasado. Ou seja, se não tem Embraer também não verá tão cedo o concorrente.

Mitsubishi SpaceJet
A ANA também deu uma força para indústria local em vez de voar com os aviões da Embraer. (Mitsubishi)

EasyJet

Com mais de 320 aviões, a EasyJet é uma das maiores companhias aéreas low-cost do mundo. Atualmente a empresa britânica utiliza exclusivamente a família A320, mas já foi uma cliente da Boeing, da qual chegou a ter 86 aviões 737. O E195-E2 seria, por sinal, uma ótima alternativa para substituir seus mais de 100 A319-100, mas até hoje a companhia não cogitou mudar sua frota. Curiosamente, em 2019 a EasyJet chegou a fazer o “wet lease” de alguns E190 da empresa alemã WDL Aviation.

Iberia

A maior companhia aérea da Espanha sempre ignorou as aeronaves da Embraer. Fato é que a empresa não mantém uma frota de aviões regionais, tendo para isso acordos com outras companhias como a Air Nostrum, que voa com suas cores. A regional, no entanto, opotou por utilizar os jatos canadenses CRJ, concorrentes de longa data dos aviões brasileiros. Essa situação pode mudar caso a aquisição da Air Europa seja concluída pelo grupo IAG, dono da Iberia. A rival espanhola possui sete jatos E190 em sua frota.

Os aviões da Embraer foram ignorados pela Iberia. Sua parceira regional, a Air Nostrum, preferiu o canadense CRJ (Alan Wilson)

Indigo

A gigante companhia aérea indiana é um fenômeno de crescimento no mercado local. Já são mais de 250 aviões em sua frota, que deve crescer no futuro já que ela é dona de encomendas enormes da família A320neo. Mas por enquanto a Indigo não fala em ampliar sua atuação no mercado de menor capacidade – ela possui 25 turboélices da ATR apenas. Em março, durante um evento no país, a Embraer levou o E195-E2 para prospectar novos clientes, mas até hoje não houve pedidos. A fabricante brasileira vê no programa de subsídios de parte das rotas indianas uma possibilidade de encaixar seus aviões.

LATAM

Talvez a maior ausência na lista de clientes seja o da LATAM, a companhia que surgiu da união da chilena LAN com a brasileira TAM. Exceto pelos Bandeirante repassados pela VASP no início da sua incursão pela aviação regional, a empresa nunca mais se interessou em utilizar qualquer modelo da Embraer. Coincidência ou não, o surgimento dos jatos da fabricante veio justamente quando a companhia fundada por Rolim Amaro passou a perder interesse no mercado regional. Nas mãos dos chilenos, a maior companhia aérea da América Latina só tem olhos para os modelos de um corredor da Airbus.

(Airway)
A LATAM e sua antecessora TAM não chegaram a colocar os jatos da Embraer em seus planos (Airway)

Qantas

Maior companhia aérea da Oceania, a Qantas não opera aeronaves de pequeno porte. A empresa tem uma frota que mescla widebodies, incluindo o A380, com cerca de 80 Boeing 737.  Na Austrália, a presença dos aviões da Embraer veio com a Virgin Australia, que chegou a ter 22 modelos E-Jet. Outra empresa do país a tornar-se cliente da companhia brasileira é a Alliance Airlines, que adquiriu 14 E190 usados.

Ryanair

A polêmica low-cost, que até já sugeriu transportar passageiros em pé em seus aviões, é dona de uma frota de mais de 270 Boeing 737, total que deveria chegar a 300 antes da pandemia. Como dissemos no início do texto, a empesa é uma das que aposta numa frota padronizada para reduzir custos, o que torna difícil operar outro tipo de avião, sobretudo de uma fabricante diferente. Mas vale a curiosidade que a Ryanair já voou com um avião da Embraer, justamente seu primeiro modelo, o Bandeirante, em 1985.

Antes de virar uma low-cost gigante com 270 Boeing 737, a Ryanair voou com o Bandeirante (Torsten Maiwald)

SAS

A companhia escandinava, surgida logo após a Segunda Guerra, também passou longe dos aviões brasileiros. A empresa que representa a Suécia, Noruega e Dinamarca utiliza atualmente jatos CRJ-900 por meio de um acordo operacional com a empresa irlandesa City Jet. Mas a Scandinavian Airlines System admitiu no início do ano que estava estudando uma possível encomenda de novos jatos para substituir seus A319 e 737-700. Entre os modelos analisados está a família E2 e o rival A220. Talvez se os executivos da SAS quiserem mais informações sobre o avião da Embraer basta consultar a companhia norueguesa Widerøe, a primeira cliente do novo jato da Embraer.

Turkish Airlines

Companhia de bandeira da Turquia, a Turkish nunca teve uma grande frota de jatos de pequeno porte, quanto mais regionais. A empresa já voou com o quadrirreator inglês BAe 146, mas que foram aposentados até 2007. No entanto, a chegada ao mercado do A220 e do E195-E2 tem feito a companhia aérea rever seus conceitos. No ano passado, o CEO da Turkish admitiu analisar as duas aeronaves, mas desde então não houve novos movimentos.

Voo longo e lotado: a primeira viagem comercial do E190-E2 percorreu mais de 1.200 km entre o sul e o norte da Noruega com 114 passageiros (Embraer)
Se a SAS quiser saber mais sobre os E2, basta consultar a Widerøe, da Noruega, primeira operadora do E190-E2 (Embraer)

Veja também: Chinesa COMAC está a caminho de superar a Embraer em entregas de aviões comerciais

 

 

 

 

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  1. Comparar um avião Embraer, com uma estatal chinesa e brincadeira, qual empresa chinesa desafiaria o governo para comprar qualquer outro avião não tem a minima lógica ,dinheiro do governo indo para as mãos do governo, quero ver esse avião voar fora da China,quem será o louco de entrar nessa.

  2. Quem conhece um pouco de aviação sabe que experiência vale muito nesse ramo, e o Brasil já bateu muito a cabeça. Coisa que os russos, japoneses e até os chineses não possuem pois começaram agora nesse mercado, apesar do domínio tecnológico indiscutível em outras áreas. Daí resulta a profusão de problemas de projeto, adiamentos e alterações nas conclusões destes que somente estão andando pq os governos estão bancando. Quando terminarem, levarão décadas para recuperar o capital. E o Brasil já estará a anos luz à frente….conhecimento e expertise numa área tão valiosa deve matar os outros de inveja.

  3. A própria matéria explica porquê aquelas empresas não compram os Embraer. É lógico. A reportagem em si tem um negativismo absurdo. Foquem o lado bom da Embraer . E não inventem calamidades aonde não existem.
    Afinal de que lado vocês estão. Abram o jogo.

  4. Incrível como tem reportagem que diminuem este gigante brasileiro que é a Embraer,estes fabricantes muitos são ligados ao governo que querem desenvolver tecnologia deles,mas até conseguirem já estarão muito longe de alcançar um dos orgulhos brasileiro no mundo.

  5. É muito importante sabermos que o brasileiro é muito inteligente pena que muitos não acreditam em si mas temos exemplo muito otimista é intermundial que a Embraer Parabéns Embraer.

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