Acordo com a Boeing soa mais promissor para Embraer que negócio entre Airbus e Bombardier

Além de permanecer sócia na sua linha de jatos regionais, empresa brasileira passará a ter enormes possibilidades para seus produtos como o KC-390
Jato E195-E2 (Embraer)
Jato E195 E2: Embraer está em melhor posição na nova parceria que a Bombardier em relação à Airbus (Embraer)

É cedo para tirar conclusões sobre o acordo em que a Boeing pagará US$ 4,2 bilhões por 80% da linha de jatos regionais da Embraer, mas o negócio soa bem mais promissor do que a venda da linha de aviões concorrentes da Bombardier para a Airbus. Enquanto os canadenses repassaram 50,01% do programa para o gigante europeu com o compromisso deste garantir investimentos para viabilizar sua produção, a empresa brasileira receberá um valor significativo e permanecerá com certo peso nas decisões estratégicas desse segmento.

A situação atual das duas tradicionais concorrentes na aviação regional explica um pouco disso. Embora a Bombardier seja um grupo bem maior que a Embraer, suas condições financeiras são bem inferiores. O programa C Series, nascido para incomodar os grandes fabricantes, custou caro para ela, algo como US$ 6 bilhões (mais de R$ 23 bilhões), e está atrasado em pelo menos dois anos. Ou seja, os canadenses estavam com a corda no pescoço quando a Airbus fez a proposta de assumir o programa pagando o preço simbólico de um dólar canadense. Para os europeus foi um negócio da China pelo fato de ampliar sua linha de produtos de forma rápida e neutralizar um potencial concorrente.

Já a Embraer hoje desfruta de uma bem sucedida família de jatos regionais, a E-Jet, que continua recebendo encomendas. A companhia brasileira, no entanto, utilizou de um expediente da Boeing ao preferir aprimorar os E-Jets na nova família E2 no lugar de desenvolver um novo produto do zero, como a Bombardier foi obrigada a fazer – afinal, seus jatos CRJ tinham um porte limitado.

O mais significativo na parceria, no entanto, é o fato de a Embraer ter acesso a carteira de clientes sem igual e que envolve não apenas companhias aéreas, mas também governos de vários países, incluindo os Estados Unidos, de longe o que mais gasta dinheiro em defesa. É nesse aspecto que a empresa brasileira pode se dar bem.

Um dos principais objetivos da parceria é a produção dos jatos C Series na fábrica da Airbus nos EUA (Divulgação)
Endividada, Bombardier “vendeu” linha de jatos por um dólar canadense para a Airbus (Divulgação)

Respaldo da Boeing

O programa KC-390, que será fruto de uma segunda parceria onde a Embraer tem a liderança, possui um enorme potencial no mercado por praticamente não ter concorrentes. Jato de transporte militar mas capaz de executar diversas funções, o avião deve entrar em serviço na Força Aérea Brasileira em 2019, após um período relativamente rápido de desenvolvimento. Nada que se compare ao problemático A400M, turbo-hélice de maior porte desenvolvido pela Airbus e que até hoje causa dores de cabeça para os europeus.

Com o apoio da Boeing, o KC-390 poderá ganhar o respaldo que o torne uma alternativa natural para substituir o C-130 Hercules, da rival Lockheed Martin. Imagine, por exemplo, o jato brasileiro sendo escolhido pelos americanos para o lugar dos antigos C-130H, cuja frota passa de 250 unidades nas versões de transporte e reabastecimento aéreo?

O KC-390, aliás, é um exemplo da capacidade técnica da Embraer em viabilizar um projeto do zero em pouco tempo e com custos mais baixos, algo que a Boeing persegue no desenvolvimento do jato NMA (New Midsize Aircraft, ou novo avião de porte médio), que deve dar origem ao 797, um widebody entre o 737 e o 787. O apoio desse time de engenheiros brasileiros certamente está nos planos da fabricante americana.

De quebra, as outras áreas da Embraer que ficarão fora do negócio permanecem com grande potencial. Defesa e sistemas têm no governo brasileiro vários programas importantes como o caça Gripen, enquanto a divisão de jatos executivos possui uma bem sucedida e versátil família em operação. É um contraponto importante ao que se vê na Bombardier, que recentemente precisou se desfazer dos seus famosos turbo-hélices Dash-8 além dos imensos cortes em pessoal e investimentos que foi obrigada a fazer para reduzir seu prejuízo.

O que será de Embraer e Bombardier, agora que viraram sócias de Boeing e Airbus é difícil dizer, mas a empresa brasileira parece que, mesmo largando depois, tem condições de se sair melhor nesse novo capítulo da disputa.

O KC-390 ganhará respaldo com a Boeing como sócia

Veja mais: Temer libera 100% de capital estrangeiros em companhias aéreas brasileiras

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  1. Alguns brasileiros desinformados ou por ideologia contrários a este negócio torcem pelo fracosso destas operações.Queriam mais uma estatal para sugarem recursos do contribuinte.

  2. A médio prazo, a Boeing, vai retalhar a Embraer, a exemplo de várias fusões que existem por esse mundo fora, e a empresa brasileira, será apenas uma lembrança de um passado promissor, que acabou graças a subserviência do governo Brasileiro, ao grande capital estrangeiro.

  3. Para quem acompanha, foi um grande negócio para a Embraer e o Brasil. A empresa brasileira continua com moral de decisão e mantém os seus projetos por aqui. Parabéns, Embraer e BRASIL!

  4. Jamais isso será um bom negocio. 80% pra Boeing e 20% pra a Embraer. Tem que ser MUITO cego para acreditar que isso pode ser benefico de algum jeito. A compra basicamente é de pessoal. A embraer já possui uma gama muito boa de compradores.

  5. Inacreditável o mal caratismo da esquerdalha que preferem um país amarrado, mas que lhes dê muito dinheiro público! O negócio foi muito bem feito pela Embraer e veremos o sucesso que isso representa para o país! A empresa não chegou onde está atoa e seus executivos são de primeira linha. Vc acham que a Airbus não procurou a Embraer, também!? É uma briga de gigantes e todos os passos são minuciosamente medidos! Parabéns á Embraer por mais uma vez sair à frente!

  6. Não entendi a lógica da matéria. A Bombardier tinha em mãos um projeto falido, vendeu 50,01% e garantiu investimentos e carteira de pedidos da Airbus. A Embraer tem uma família de jatos de sucesso absoluto, desenvolveu o E2 de maneira brilhante, o qual tem tudo para esmagar a concorrência, e vendeu 80% de todo o negócio mais lucrativo da empresa (área comercial). Sabe-se que a área militar depende de maneira vital de investimentos governamentais e a aviação executiva possui concorrentes mais fortes. É fato que os executivos da Embraer são bons, que os movimentos no mercado alteraram a ordem dos fatores e a fusão pode ser um sucesso para a empresa brasileira, mas gostaria que me explicasse melhor como alguém que vende metade de algo falido (ficando com a outra metade para lucrar) pode ter feito negócio pior que alguém que vendeu 80% de seus produtos mais valiosos e de futuro promissor. Abraço.

  7. Exatamente Thiago Carvalho, quem apoia esta venda, ou é mal informado ou é mal intencionado, não há nada de bom para a EMBRAER, muito menos para o Brasil nesse negócio! Estamos entregando 70 anos de desenvolvimento, uma empresa feita do zero, com esforço e dinheiro público, ITA, CTA, toda uma indústria aeronáutica. A EMBRAER está em vários projetos estratégicos para do país, desenvolvimento de satélite, misseis, soluções em engenharia, Grippen NG, Submarino Nuclear, etc. Estamos falando de independência tecnológica, soberania, geopolítica! O que são U$ 5bi frente as vendas confirmadas? Tente comprar a Boieng ou a Airbus… A EMBRAER não tem preço, daí a Golden Share!

  8. A pergunta que fica para os “especialistas” em criticar o negócio é : Quem negocia melhor ? Uma empresa falida em dificuldades financeiras ou uma empresa saudável com dinheiro em caixa? O resultado veremos no futuro.

  9. Vou resumir esse acordo, se a EMBRAER, não fosse privatizada, ela estaria falida nas mãos do amante do comunismo e de ditaduras como Lula e a sequestradora DILMA que o verme sem dedo nos empurrou pra ser presidente do Brasil, a EMBRAER seria entregue para uma Bolivia da vida, assim com o ele arregou para a refinaria da PETROBRAS, quando o indio do MORALES , invadiu e tomou conta, mas hoje a EMBRAER é um sucesso graças aos acionistas e seus competentes funcionários, o governo tem o Golden share que é uma ação exclusiva que o Estado pode impor ao privatizar uma estatal e tem poder de veto, além da parte militar. Então com governos fracos e socialistas e que alimentam ditaduras, empresas como essa não sobreviveriam, mas hoje ela é uma potência, e não é graças ao governo, então quem esta fazendo negócio não é um governo corrupto e sim acionistas sérios. BOMBARDIER se vendeu pra AIR BUS , quando estava quase falindo com seus projetos, a EMBRAER esta em um ótimo momento e se associando com uma das maiores para se tornar maior ainda, a Embraer precisa de mais investimentos para conseguir crescer ainda mais e essa parceria vai dar muito mais fôlego a empresa, para continuar sendo uma das maiores.

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