Airbus pede indenização da Qatar Airways em processo sobre o A350

Fabricante quer que companhia aérea pague US$ 220 milhões por dois A350 rejeitados e também a devolução de incentivos concedidos nos contratos de venda de aeronaves
A350 da Qatar Airways (Qatar)

A temperatura da disputa judicial entre a Airbus e a Qatar Airways subiu alguns graus nesta segunda-feira (28) quando a fabricante europeia deu entrada em sua defesa legal perante um tribunal de Londres.

As duas empresas estão em litígio após a Qatar acusar a Airbus de não resolver os problemas de degradação na pintura de cerca de 20 A350 e para isso pede uma indenização de mais de US$ 600 milhões.

A Airbus, no entanto, respondeu de forma contundente ao requisitar que a empresa aérea a reembolse em US$ 220 milhões pela recusa em receber dois A350-1000 no final de 2021. Além disso, ela exige a devolução de milhões de dólares em créditos concedidos como incentivos em contratos assinados nos últimos anos.

A contenda legal tem fornecido detalhes então considerados sigilosos nas negociações de venda de jatos comerciais.

Aeronave da Copa do Mundo da FIFA

Um das aspectos que emergiram na segunda-feira é que o problema surgiu após a Qatar Airways enviar um A350 para a Airbus em novembro de 2020 a fim de receber uma pintura alusiva à Copa do Mundo da FIFA, que ocorrerá no final deste ano no Qatar.

Foi o que levou à descoberta de mais de 900 danos à camada anti-raios da fuselagem. A Airbus se comprometeu a reparar a aeronave, mas a Qatar identificou o problema em outros 20 aviões.

Funcionário da Qatar retira pedaço de tinta da superfície de um A350 (Qatar)

A Airbus, por outro lado, acusa a Qatar de aterrar parte de seus A350 sem justificativa após a EASA, a agência de aviação civil da Europa, garantir que o problema não afetava a segurança dos jatos widebodies.

A Qatar afirmou ter seguido recomendação da autoridade de aviação do seu país, mas a fabricante diz que a agência apenas atendeu ao pedido da própria companhia aérea, sem analisar o caso.

Para a Airbus, a Qatar não pode ser indenizada já que os jatos aterrados eram seguros e funcionais.

O impasse ainda inclui o cancelamento de um pedido de 50 A321neo por parte da Airbus. A Qatar tem tentado reverter a decisão, tida como uma retaliação do fabricante após a abertura do processo judicial.

Em janeiro, a empresa aérea divulgou um vídeo em que mostra alguns A350 com as pinturas bastante degradadas. Em um momento da gravação, um funcionário retira parte da tinta com extrema facilidade (veja acima).

A Qatar Airways tem passado por dificuldades nos últimos anos, primeiro por conta de um bloqueio de outros países árabes em 2017, que a prejudicou suas operações. A pandemia piorou o quadro a ponto de a empresa aérea receber uma ajuda financeira do governo do Qatar de US$ 3 bilhões.

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