Em vez de caças voando, maquetes em tamanho real em Le Bourget

Feira aeronáutica francesa conheceu nesta segunda-feira duas novas propostas de caças avançados, o programa europeu FCAS e o projeto turco TF-X
Autoridas francesas, alemãs e espanholas em Le Bourget: maquete do caça NGF foi atração (Dassault)
Autoridas francesas, alemãs e espanholas em Le Bourget: maquete do caça NGF foi atração (Dassault)

Duas silhuetas de caças stealth surgiram nesta segunda-feira na abertura do Paris Air Show, no aeroporto de Le Bourget, na França. Mas eles não passam de duas maquetes em tamanho real do que poderão um dia se transformar. Os programas FCAS (Future Combat Air System) e TF-X (Turkish Fighter) são iniciativas de caças de última geração que dependem de imenso apoio governamental para se tornarem realidade.

O FCAS é a proposta mais realista e que reúne a Airbus SE e a Dassault em um projeto de produzir uma aeronave de demonstração para os governos da Alemanha e França – e que agora conta com apoio da Espanha também. Na feira aeronáutica, esses países assinaram um acordo com os fabricantes para iniciar a fase de demonstração que deve durar até 2021. O programa envolve três frentes, o NGF (New Generation Fighter), o Remote Carriers (RC) e o Air Combat Cloud (ACC) que devem iniciar os testes em voo em 2026.

Os três “pilares”, como chamam as empresas, envolvem os softwares de combate (ACC), veículos não tripulados (RC) e o caça em si (NGF). Além das duas fabricantes também a MBDA (armamentos), Thales (aviônicos) e a Safran e MTU (motor) fazem parte do programa.

O NGF será um caça de 6ª geração com tecnologia stealth, dois motores e estabilizadores em V em configuração semelhante a do YF-23, protótipo de caça da Northrop que perdeu a disputa para o F-22 da Lockheed Martin nos anos 90.

Apesar do apoio de dois dos mais ricos países da Europa, FCAS é um projeto caro e não se afasta a hipótese de atrair mais nações para o programa. O Reino Unido, por exemplo, também pleiteia um avião parecido, mas o desgaste com o Brexit pode minar qualquer iniciativa de aproximação.

Temel Kotil, o chefão da Turkish Aerospace, diz que o TF-X voará em 2025 (TAI)

Solução caseira

Em outra área do aeroporto surgiu pela primeira vez o TF-X, outra maquete em tamanho real desta vez do hipotético caça stealth que a Turquia almeja construir há anos. O país, do polêmico presidente Recep Tayyip Erdoğan, tem buscado a autossuficiência em aviões armamentos ao investir nos projetos da empresa Turkish Aerospace.

O TF-X, um caça de 5ª geração, possui um visual que parece mesclar dois aviões americanos. A parte frontal lembra muito o F-22 enquanto a parte traseira parece inspirada no F-35, ambos da Lockheed Martin. A Turkish Aerospace e outras empresas turcas, inclusive, são fornecedoras do Lightining II, o que tem causado problemas depois que Erdoğan decidiu comprar o sistema de defesa russo S-400.

Hoje o programa turco conta com o suporte da BAE Systems e da Rolls-Royce, mas as relações estremecidas com os EUA podem afastar os britânicos do projeto. Teme-se o fato de compartilhar dados sensíveis que podem acabar nas mãos russas.

A Turkish Aerospace diz que o primeiro voo do TF-X ocorrerá em 2025, mas parece pouco realista pensar que um país com um PIB que não chega a ter a metade do brasileiro possa desenvolver um projeto tão caro e que depende de tecnologia estrangeira.

Projeção do TF-X: caça de 5º geração turco lembra aviões americanos (TAI)

Réplica

Le Bourget não presencia apenas maquetes de futuros caças, mas também de aviões que existem de fato. É o caso do jato de treinamento avançado T-X, da parceria entre a Boeing e a Saab. O projeto foi vencedor da concorrência da Força Aérea dos Estados Unidos para substituir o clássico T-38 Talon, a versão treinadora do caça F-5 Tiger II. Nada menos que 351 unidades serão produzidas para a USAF.

A Boeing possui dois protótipos em voo, porém, optou por levar para Paris apenas uma réplica em tamanho real. É, sem dúvida, uma pena já que o T-X será um jato capaz de encontrar novos clientes mundo afora. Sua capacidade operacional e simplicidade de manutenção podem transformá-lo em um potencial substituto de caças defasados em várias forças aéreas. Certamente, a fabricante americana deverá levar o T-X para alguma futura feira, sobretudo após superar a fase delicada por que passa desde os acidentes com os 737 MAX.

Os dois protótipos do treinador T-X: Boeing só levou réplica à Le Bourget (Boeing)

Veja também: Catar recebe seus cinco primeiros caças Rafale

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