EUA incluem a COMAC em lista de “empresas militares chinesas”
Fabricante de aviões comerciais será proibida de receber componentes de fornecedores dos EUA, e que são a base de projetos como o jato C919

Em seus últimos dias na Casa Branca, o presidente Donald Trump decidiu incluir a COMAC na lista negra de “empresas militares chinesas”, o que a impede de receber investimentos dos EUA. Fabricante dos jatos comerciais ARJ21 e C919, a COMAC em tese não desenvolve nenhum produto militar, mas segundo o governo dos EUA, ela faz parte de uma estratégia de Pequim para utilizar corporações civis a fim de obter tecnologia do Ocidente para fins militares.
A acusação não é nova afinal a COMAC já foi alvo de investigações de espionagem e engenharia reversa por conta do motor turbofan LEAP, que equipa o C919, e estaria sendo utilizado no desenvolvimento do CJ-1000AX, um motor da fabricante chinesa AECC. Em fevereiro de 2020, Trump já havia afirmado que o governo dos EUA poderia proibir a Honeywell de fornecer aviônicos para os aviões da COMAC, além dos motores da CFM, uma sociedade entre e a americana GE e a Safran, da França.
Dependência do Ocidente
Embora o C919 e o ARJ21 sejam aeronaves mais voltadas ao mercado de aviação chinês, a possível interrupção do fornecimento de componentes ocidentais coloca os dois programas em xeque. Por mais que a China esteja avançando na cadeia de fornecimento da indústria aeroespacial, o país ainda carece de componentes confiáveis.
O C919, por exemplo, é extremamente dependente de fornecedores externos como a Parker Aerospace (Sistema de controle de voo e de combustível), radar meteorológico (Rockwell Collins), Pneus (Michelin), sistema anti-gelo das asas (Liebherr), reversores dos motores (Aircelle) e até a caixa-preta (GE).
Segundo nota, o Departamento de Defesa dos EUA “está determinado a destacar e contrariar a estratégia de desenvolvimento da Fusão Militar-Civil da República Popular da China (RPC), que apoia os objetivos de modernização do Exército de Libertação do Povo (ELP), garantindo seu acesso a tecnologias avançadas e conhecimentos adquiridos e desenvolvidos até mesmo por empresas, universidades e programas de pesquisa que parecem ser entidades civis”.
As empresas dos EUA terão até novembro para encerrarem qualquer tipo de cooperação com a COMAC. A fabricante havia sido omitida em outra lista de banimento em dezembro e que incluiu as demais fabricantes de aeronaves chinesas e que atuam no mercado de defesa.

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