Força Aérea lança concorrência para adquirir dois Airbus A330-220
Aeronaves serão convertidas para o padrão MRTT, de reabastecimento aéreo e transporte militar no programa KC-3X. Propostas serão entregues no dia 7 de março

A Força Aérea Brasileira (FAB) lançou nesta quinta-feira (27) a concorrência internacional para aquisição de dois jatos Airbus A330-200 e que serão utilizados para transporte militar e reabastecimento aéreo.
Para tanto, os dois aviões de segunda mão serão convertidos para o padrão MRTT (Multirole Tanker Transport), processo exclusivo feito pela própria Airbus.
As aeronaves deverão ter sido fabricadas a partir de janeiro de 2014, não possuírem mais que 28 mil horas de voo e 4,2 mil ciclos. Outro requisito da licitação restringe os modelos equipados apenas com turbofans Rolls-Royce ou General Electric – a Pratt & Whitney também fornece motores para o widebody.
O orçamento para o programa possui um teto de US$ 80,6 milhões (cerca de R$ 438 milhões) e terá a sessão de recebimento de propostas marcada para o dia 7 de março no escritório da Força Aérea em Washington, nos EUA.

LICITAÇÃO EXCLUSIVA PARA A AIRBUS
O interesse da FAB por um jato de grande porte, capaz de realizar reabastecimento em voo e transporte, é bastante antiga. Governos anteriores chegaram a levar à frente o programa KC-X2, que planejava a aquisição de dois Boeing 767 para serem convertidos para esse fim, mas restrições orçamentárias e questionamentos sobre a licitação acabaram encerrando o projeto.
A Força Aérea então fez um contrato de leasing de um Boeing 767-300, sem adaptação para uso militar, e que foi operado entre 2016 e 2019.
Durante o governo Bolsonaro, no entanto, surgiu a intenção de adquirir dois jatos A330 após os problemas logísticos enfrentados durante a pandemia do Covid-19. Após algumas tentativas, finalmente a Aeronáutica obteve fundos para bancar o programa KC-3X.
Entretanto, a licitação estipula apenas o A330-200 como aeronave capaz de atender aos requisitos do projeto. Segundo os documentos do edital, o requerimento que justifica a necessidade dos aviões da Airbus foi aprovado pelo Estado Maior da Aeronáutica após estudo apresentado no final do ano passado – Airway tentou acessar o documento sem sucesso.

Os requisitos da licitação estipulam também que os aviões deverão oferecer uma autonomia de 6.500 milhas náuticas (pouco mais de 12.000 km), oferecer uma carga paga de pelo menos 36 toneladas e terem vida útil até 2054.
Se a compra dos aviões de passageiros deve atrair concorrentes como empresas de leasing e companhias interessadas em desativá-los, a conversão para o padrão MRTT terá de ser feita obrigatoriamente com a Airbus, o que em tese limita uma possível competição.
Além do MRTT, existe no mercado a conversão feita pela IAI, de Israel, com jatos Boeing 767. Chamado de MMTT (Multi Mission Tanker Transport), ele foi o vencedor da concorrência KC-2X na década passada e equipa a Força Aérea da Colômbia desde 2010.
O site enviou questionamentos para a Força Aérea Brasileira e atualizará esta nota caso receba uma resposta.