Startup americana recebe investimento do governo Trump para jato hipersônico

Empresa Hermeus estuda aeronave capaz de voar a Mach 5 e que pode ser o futuro Air Force One
O avião hipersônico da Hermeus com ares de Air Force One: Nova York a Londres em 90 minutos (Hermeus)
O avião hipersônico da Hermeus com ares de Air Force One: Nova York a Londres em 90 minutos (Hermeus)

Imagine Donald Trump embarcando no Air Force One na capital dos EUA e pouco mais de uma hora depois encontrar seu amigo Jair Bolsonaro, em Brasília? Pois essa seria uma possibilidade se o avião hipersônico da startup americana Hermeus estivesse pronto. O que soa como devaneio acaba de ter seu projeto contemplado pela Força Aérea dos Estados Unidos com uma verba inicial de US$ 1,5 milhão.

A empresa do estado da Georgia anunciou nesta semana que está trabalhando com a Diretoria de Transporte Aéreo Presidencial e Executivo para desenvolver uma aeronave capaz de voar a Mach 5, ou cinco vezes a velocidade do som. Essa divisão da USAF é responsável justamente por operar o Air Force One, o avião presidencial dos EUA.

Apesar da associação, o co-fundador da Hermeus (em homenagem ao deus grego Hermes, conhecido por ser o protetor de viajantes), AJ Piplica, negou ao Flight Global que o futuro avião será usado para o transporte do chefe de estado dos EUA. Mesmo assim, uma das ilustrações conceptuais da aeronave faz menção justamente a isso.

Fundada em 2018 com apoio de fundos de investimentos, a Hermeus testou em fevereiro um motor adaptado para simular em túnel de vento Mach 3.3 a uma altitude de 65.000 pés (quase 20 mil metros). A empresa agora desenvolve uma tecnologia Ramjet capaz de levar o motor a atingir Mach 5.

Em fevereiro, a startup testou um motor em bancada que simulou Mach 3.3 (Hermeus)

“Usando nossa tecnologia de pré-resfriamento, pegamos um motor a jato existente e o operamos em condições de velocidade de vôo mais rápido do que o famoso SR-71. Além disso, aumentamos o modo ramjet para Mach 4- 5 condições, demonstrando capacidade de propulsão hipersônica de alcance total “, disse Glenn Case, chefe de tecnologia da Hermeus.

Os próximos passos da startup serão a construção de um modelo em escala para avaliar o motor em voo e depois desenvolver a aeronave demonstradora de tecnologia dentro de um prazo de dois a três anos. O cronograma, no entanto, é de longo prazo, e prevê que a aeronave final esteja pronta por volta do final da década de 20. As ilustrações do conceito mostram uma aeronave sem janelas, talvez substituídas por telas de alta definição que reproduziriam internamente o cenário exterior.

Aplicação comercial

Embora esteja sendo financiada pelo governo dos EUA, a aeronave hipersônica terá aplicação comercial. Segundo a Hermeus, ela será capaz de transportar até 20 passageiros e voar em distâncias de até 4.000 milhas náuticas (7.410 km). “O tempo de voo de Nova York a Londres será de 90 minutos em vez de 7 horas”, promete a empresa, que avalia que a tecnologia hipersônica será capaz de gerar 2 trilhões de dólares de crescimento econômico global por ano, liberando recursos para solucionar problemas sociais e de saúde, por exemplo.

A razão para isso está no modo de viagem, completamente diferente dos atuais widebodies de longo alcance. Em vez de assentos confortáveis e serviço de bordo, os aviões hipersônicos oferecerão como principal ativo a possibilidade de chegar a lugares distantes em poucos minutos.

Diante da atual crise do coronavírus, que reduziu a demanda por voos internacionais, o advento de um transporte hipersônico seria um enorme argumento para contestar as reuniões virtuais. Ao permitir que executivos consigam se deslocar pelo mundo em curto espaço de tempo, esses jatos podem liberar horas de trabalho que seriam perdidas a bordo de aeronaves subsônicas.

Novo limiar

Projetos como o da Hermeus têm sem multiplicado nos últimos anos, guiados por novas tecnologias que permitem sonhar novamente com a viagem acima da velocidade do som. Desde a aposentadoria do Concorde em 2003, a humanidade passa por um raro período de estagnação nas viagens aéreas. Nas pouco mais de cinco décadas entre os primeiros aviões e voos supersônicos, a velocidade sempre foi um componente da inovação, mas os altos custos de operação e problemas ambientais congelaram projetos. Talvez estejamos no limiar de uma nova era no transporte, felizmente.

A Hermeus acredita que os aviões hipersônicos podem trazer crescimento econômico trilionário (Hermeus)

Veja também: Virgin Galactic quer fabricar seu próprio Concorde, só que mais veloz

 

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