Associação alerta sobre risco de “ pandemia de falências” na América Latina

ALTA sugere ajuda imediata de governos para evitar o colapso do setor na América Latina e Caribe
O voo Congonhas-Chapecó será operado com jatos Airbus A319 (Rafael Luiz Canossa/ Creative Commons)
O grupo Latam cortou 90% dos voos internacionais  (Rafael Luiz Canossa)

Companhias aéreas da América Latina e Caribe precisam de ajuda imediata de governos ou passarão por uma “pandemia de falências”, disse o presidente da Associação Latino-Americana e do Caribe (ALTA), Luis Felipe de Oliveira, em entrevista à Reuters nesta semana.

O executivo afirmou que a associação está enviando cartas aos governos da região alertando que a crise no setor causada pelo coronavírus é sem precedentes. “Se os governos não adotarem medidas drásticas e imediatas, pode haver uma pandemia de falências na região”, disse Oliveira.

A organização pede principalmente uma redução nos custos fixos do setor, como impostos, taxas e outros encargos que representam cerca de 12% dos custos totais das companhias aéreas. Com a maior parte das frotas aterradas, a empresas não têm rentabilidade para manter esses pagamentos.

A ALTA estima que as perdas do setor na América Latina e Caribe podem alcançar os US$ 8 bilhões em 2020. Além da demanda quase inesistente, empresas aéreas da América Latina e Caribe também estão suspendendo voos internacionais devido ao fechamento de fronteiras e restrição de acesso em diversos países.

Segundo a previsão mais recente da IATA (Associação Internacional de Transportes Aéreos), as companhias aéreas da América Latina dever ganhar meros US$ 0,42 (cerca de R$ 2,14) por cada passageiro transportado neste ano.

Ajuda chegando

Maior mercado da região, o Brasil adotou medidas lançadas pelo Ministério de Infraestrutura nessa quarta-feira (17) para aliviar as contas das empresas aéreas nacionais até o final de 2020. O pacote de ações permite às companhias adiar o pagamento de taxas operacionais até o final de 2020 e reembolsar os clientes em até 12 meses. O governo brasileiro, porém, não autorizou a redução ou suspensão de impostos, como PIS/Cofins, sobre o querosene de aviação e bilhetes aéreos.

Segundo a Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas), a demanda por transporte aéreo doméstico recuou 50% em março e as viagens internacionais caíram 85%. Diante da crise, as companhias brasileiras estão reduzindo drasticamente seus voos ou já pararam (caso da regional MAP Linhas Aéreas).

O próximo CEO do grupo LATAM Airlines, Roberto Algo, disse nesta semana em entrevista à televisão chilena, que “está é de longe a pior crise que o setor aéreo já teve” e que está “pedindo ajuda” a todos os governos de países onde a empresa tem bases.

A declaração de Algo em rede pública não foi bem recebida entre os governantes chilenos. Lucas Palacios, ministro da Economia do Chile, criticou que “grandes empresas saiam pela televisão para solicitar ajuda ao Estado” e que parecia um pedido “bastante apressado” do executivo enquanto a prioridade do governo era a população. Em outras palavras, empresas aéreas chilenas podem ficar sem ajuda…

Nos EUA, onde as companhias aéreas são muito mais lucrativas do que as empresas da América Latina e Caribe, há um movimento pressionando o governo de Donald Trump para liberar uma verba de US$ 50 bilhões para ajudar o setor a enfrentar a crise do coronavírus.

Sem passageiros dispostos a voar, aviões parados e com restrições de voo para diversos países, empresas aéreas do mundo todo vão acumular perdas históricas nos próximos meses e muitas podem ficar pelo caminho e fechar suar portas.

Veja mais: Airbus suspende produção em fábricas na Espanha e França

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