Com compra do bimotor Sherpa, Exército Brasileiro voltará a ter aeronaves de asas fixas

Comandante do Exército assinou despacho que prevê a compra de quatro aeronaves de transporte que serão usados na Amazônia
Short C-23 Sherpa: o Exército Brasileiro volta a ter asas fixas 76 anos depois (US Army)
Short C-23 Sherpa: o Exército Brasileiro volta a ter asas fixas 76 anos depois (US Army)

Desde que a Força Aérea Brasileira foi criada, em 1941, o Exército Brasileiro deixou de ter aeronaves de asas fixas, ou seja, há 76 anos. A força, que foi a primeira do país a demonstrar interesse em aviões, voltará a contar com uma frota própria a partir de 2020. Em decisão proferida pelo Ministro do Exército, general Eduardo Villas Boas Correia, no Dia do Soldado (25 de agosto), serão adquiridos quatro bimotores turbo-hélice de transporte Short C-23B+ Sherpa que hoje encontram-se estocados pelo governo americano.

O objetivo do Exército é utilizá-los no transporte logístico na região Amazônica e assim obter independência da Aeronáutica, que hoje faz esse trabalho. Sem grandes recursos, a força optou por comprar aviões usados, fabricados há mais de três décadas, porém, tendo à frente cerca de 15 anos de vida útil.

As outras opções analisadas pelo país eram aviões novos como o Airbus C-212 (antigo CASA C-212), DHC-6 Twin Otter, Cessna Grand Caravan e o polonês PZL M-28. Já os Sherpa utilizados pelos americanos eram aviões de uso civil convertidos no final da década de 90 para a versão C-23B e que foram utilizados pela guarda nacional dos EUA até 2014, quando foram desmontados e estocados.

A ideia dos americanos, inclusive, era repassar 15 unidades, mas o Exército Brasileiro preferiu ter menos aeronaves a fim de preparar toda uma infraestrutura aérea antes de pensar na expansão da sua atuação. Os Sherpa serão baseados em Manaus que será preparada para recebê-los até 2020. Ainda não se sabe se os aviões precisarão de algum tipo de modernização ou adaptação para suas funções no Brasil.

Parte da Bombardier

O Sherpa é uma versão militar do avião de passageiros Short 360 criado pela fabricante Short Brothers da Irlanda do Norte em 1981. Foram produzidos pouco mais de 160 aeronaves até 1991 quando a fabricação foi encerrada. Ele pode transportar até 20 passageiros ou cerca de 4 toneladas de carga. Embora tenha uma capacidade de transporte de passageiros semelhante a do Bandeirante, o avião irlandês tem uma configuração mais adequada ao transporte militar, com asas altas e uma porta de carga traseira de grande área. Sua fuselagem retangular e mais volumosa também favorece essa atuação cargueira. Desde 1989, a Short Brothers é parte do grupo canadense Bombardier.

O interesse do Exército em voltar a ter seus próprios aviões é antigo e só não ocorreu antes porque a Aeronáutica detinha a exclusividade de operação de qualquer tipo de aeronave em ambiente terrestre até 1986. Foi quando o governo brasileiro decidiu permitir que o Exército pudesse operar helicópteros – a Marinha já havia obtido esse direito em 1965 e, mais tarde, em 1998, passou a ter seus aviões de asa fixa, o AF-1 Skyhawk, adquiridos para uso a bordo do porta-aviões São Paulo.

Enquanto isso, o Exército só voltou a considerar a opção há alguns anos e o projeto tomou corpo em 2014 com a divulgação do Plano Estratégico para o período de 2016 a 2019.

Veja também: Mesmo sem porta-aviões, Marinha brasileira tem interesse no Gripen naval

O Pantera entrou em serviço no Exército Brasileiro em 1988 (Thiago Vinholes)
O Pantera entrou em serviço no Exército Brasileiro em 1988 (Thiago Vinholes)

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  1. triste ver essas sucatas no nosso exército [2];
    mais triste ainda é saber que a Embraer tem condições de fazer um avião semelhante e o exército preferir comprar uma sucata ao invés de fazer um pedido do bandeirante adaptado para fins milistares.

  2. Essa joça velha aí de 30 anos ainda aguenta mais 15 anos de uso ?? ?
    Pelo amor de Deus, nosso exército merece coisa melhor….

  3. Boa noite
    Sinceramente essa decisão do EB merece internação de alguem por lá. Meu Deus do céu, como podem aprovar uma compra como a dessa sucata. Os caras do EB perderam a razão? Ja n~eo tem recursos e o pouco que tem são pessimamente utilizados. Isso merece além de internação compulsória um processo por malversação de recursos públicos..
    Todos os poucos que trabalham honestamente pagam seus impostos para serem gastos com porcarias como essa.
    Esse país não esta apenas falido economicamente, esta destruido moralmente.

  4. Generais, Almirantes e Brigadeiros de mente retrograda, foi o que eu vi nos meus 10 anos que passei na Marinha. Essas atitudes são normais dessas pessoas da velha-guarda. As FA assim como a política em geral no Brasil precisa de mentes novas, mais oxigenadas e mais puras para comanda-las.

  5. É no mínimo triste está situação, parece que o Brasil está fadado a ser depósito de sucata, um avião deste totalmente ultrapassado, com certeza vai custar o olho da cara.
    Compra de lixo a preço de ouro.

  6. Temos uma indústria aeronáutica capaz , mas ao invés de fabricar nossos aviões militares , nosso glorioso exército merece aviões zero bala…..

  7. Blz que o Sherpa é velho pacas (apesar de ser robusto e versátil).
    Mas, é o que se tem pra hoje.
    Já vai ser difícil o EB manter a anv com a míngua de recursos latente.
    De qq forma, as FFAA já estão um pouco acostumadas a “recauchutar” máquinas antigas. Visto o programa de modernização do C-95, do C-130, do F-5, do A-1, dos AF-1 (MB) e etc. Tudo errado na minha ótica. Mas, é o que se dá pra fazer.
    Defender que o EB compre C-95 da Embraer tb não é lá muito lógico, visto que se estaria trocando um projeto antigo, por um tão antigo quanto. Por uma anv que não se fabrica mais.

    Um dia, quem sabe, as FFAA terão recursos para apostar em modelos mais novos, né? Como a substituição de todas essas anvs que vem sendo modernizadas. Até lá…

  8. Alem de ser sucata,o Exercito esta entrando numa area que não é dele. A Aviação é responsabilidade da FAB. Se for assim jaja a FAB começa a comprar tanques de guerra, porta aviões…e ai vira uma zona completa….cada qual na sua Força !

  9. A Embraer poderia fazer, ou repassar para um terceiro, o velho Bandeirante.

    Claro que seria necessária uma atualização, mas em pouco tempo teríamos uma aeronave confiável e modernizada.

    O próprio Twin Otter teve sua produção encerrada, mas os direitos repassados para outro fabricante.

  10. Concordo em termos com o Adriano. Mas mais por uma questão de doutrina no Brasil. Embora, ache tb que o EB poderia voar asa fixa fazendo simplesmente essa ligação para algumas áreas na região amazônica mesmo, sem com isso entrar na seara do 1º/9º (Esquadrão Arara), por exemplo. Fora isso, a questão de como manter a anv é que ficaria na questão da “área que não é dele” ou um gasto a mais pra força terrestre.
    Com relação a “virar uma zona completa”, não concordo, pois na doutrina das FFAA americanas, por exemplo, existe a aviação naval, do exército, dos fuzileiros, guarda nacional, além da força aérea daquele país.

  11. A Embraer pode muito bem desenvolver ou adaptar o Bandeirantes para o Exercito,gerando empregos e tecnologias aqui.

  12. Até a bem pouco tempo atrás o Sherpa voava no Afeganistão com os americanos, nunca houve críticas, mas bastou a aeronave pousar no Brasil para tornar-se “sucata”. Lamentável! Muito boa escolha do Exército Brasileiro, aeronave asa alta, com 1.907 Km de alcance, payload de 3765 kg, rampa de carga para 2.500 kg, permite salto de paraquedista solto ou enganchado, carrega 30 passageiros, peso de decolagem 12.0000 kg, pousa e decola em apenas 600m. Ainda bem que não compraram a sucata do Embraer E110 Bandeirante. Parabéns Exército Brasileiro! Espero que comercializem toda a frota que ainda está nos USA para o Brasil. Será uma boa aeronave leve de apoio e transporte. Saudações,

  13. Não sei o motivo de tantas críticas! Quem tem um mínimo conhecimento do que é a Amazônia, sabe que as coisas muito modernas às vezes não funcionam aqui! Tenho um mínimo conhecimento de mecânica, trabalhei em diversões rincões inóspitos, do Sul ao Norte, passando pelo Nordeste (cada nome de cidade mais estranho, tipo Coroatá, Poção de Pedras, Junco, etc) e a única vez que tive que embarcar o veículo em um caminhão foi em Brasiléia, no Acre, quando o eletrônico pifou (moto XL 250)! Deixem o Exército começar o uso de aeronaves de asa fixa, atender seus inóspitos pelotões de fronteira,adquirir expertise, até que chegue a conclusão qual a melhor aeronave! Provavelmente o Exército não precisa de aviões muito modernos e caros, pelo menos no início! Comparando: será que boa parte das pessoas que usa um automóvel precisa de teto solar, tração 4×4, banco de couro, GPS, etc?

  14. Dizer que o EB não pode ter aeronaves porque voar é com a FAB seria o mesmo que dizer que a FAB não pode ter viaturas porque rastejar é com o EB.

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