Crise na aviação vira oportunidade para a nova companhia aérea do grupo Itapemirim

Batizada como ITA Transportes Aéreos, nova empresa começará a voar em 2021 com 10 aviões A320, aproveitando oferta do jato da Airbus e pilotos no mercado
Itapemirim deve estrear com 10 Airbus A320 (Riik@mctr)
Itapemirim deve estrear com 10 Airbus A320 (Riik@mctr)

O projeto do grupo Itapemirim de lançar uma nova companhia aérea no Brasil foi detalhado pelo presidente da ITA Transportes Aéreos, seu nome oficial, Tiago Senna, em entrevista ao canal ASA do Youtube, nesta quarta-feira, 19. E a crise que passa a aviação transformou-se numa oportunidade para a empresa a ponto de os planos originais terem sido modificados nas últimas semanas.

A razão para isso é o fato de que a pandemia está causando um excesso de oferta de jatos comerciais que foram retirados de serviço por várias companhias. Junte-se a isso o fato de as empresas brasileiras terem decidido reduzir seus quadros de funcionários, sobretudo a LATAM, e o cenário favorável para utilizar o jato A320, da Airbus, se configurou. É este o avião que a ITA usará em sua estreia no ano que vem, num total inicial de 10 unidades que serão trazidas da Europa e Índia, afirmou Senna.

Até então, a companhia falava em utilizar turboélices Q400 e jatos A220, ex-CS300, e que ainda são raridade no mercado. Com o A320, no entanto, a ITA terá à sua disposição mão de obra treinada e em muitos casos ainda apta a voar o jato europeu. A seleção dos tripulantes da empresa começará já em setembro, informou o CEO.

Tiago também revelou que a ITA terá sua operação centralizada nos maiores hubs do país, Guarulhos, Brasília e Galeão, e que suas aeronaves oferecerão poltronas com espaço “conforto”, com distância longitudinal maior, porém, sem classe executiva. Apesar disso, ele garantiu que as regiões Norte e Nordeste serão incluídas na futura malha por conta do histórico de atuação da divisão rodoviária.

Segundo o executivo, hoje o desafio é trazer os A320 ao Brasil por conta das restrições de deslocamento em alguns países. Dois dos jatos estão na Índia e impedidos de decolar. A ITA quer viabilizar seu traslado para iniciar os processos de manutenção, configuração e pintura com as cores da companhia, que seguirão o layout mostrado em maquetes, com a fuselagem num amarelo ouro e a cauda azul. Segundo Senna, foi uma exigência do presidente do grupo, Sidney Piva.

Maquete do A220 da Itapemirim: com excesso de oferta de jatos A320 e pilotos certificados, empresa mudou de equipamento (Reprodução/Linkedin)

A ITA também promete oferecer um serviço diferenciado, mas sem invenções. Segundo o CEO da companhia, haverá um trabalho de redução de custos para agregar mais qualidade aos serviços oferecidos aos passageiros.

Recuperação judicial não influencia

Questionado pelo apresentador Robert Zwerdling logo no início da entrevista sobre a situação financeira do grupo, Tiago Senna reconheceu que a Itapemirim está passando por uma reestruturação, mas que a nova empresa aérea está fora desse processo. Segundo ele, há fundos de investimentos brasileiros e árabes financiando o projeto, mas não detalhou quais os valores envolvidos e nem quem são eles.

No começo do ano, Piva viajou com o governador do estado de São Paulo, João Doria, em comitiva que visitou Dubai. Na viagem, o empresário afirmou que o fundo privado do xeque Mohammed bin Rashid Al Maktoum, primeiro-ministro e vice-presidente dos Emirados Árabes Unidos, teria acordado em investir US$ 500 milhões na sua empresa.

A ITA Transportes Aéreos será a terceira empreitada na aviação comercial da Itapemirim. Nos anos 90, a empresa operou uma subsidiária de carga aérea com jatos Boeing 727, mas que durou pouco tempo. Já em 2017, Piva tentou adquirir a regional Passaredo, mas o negócio acabou desfeito. Desta vez tudo leva a crer que o projeto é mais bem planejado. A conferir.

Veja também: Até julho, pandemia do coronavírus tem afetado mais a LATAM que Gol e Azul

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