Jato executivo supersônico tem patente registrada no Brasil
Aeronave AS2 era desenvolvida pela startup americana Aerion, que fechou as portas no ano passado

Uma situação inusitada ocorreu na semana passada no Brasil, o registro da patente do AS2, um jato executivo supersônico, projetado para atingir Mach 1.4. Até aí nada de excepcional não fosse o fato de a Aerion, a empresa que criou o modelo, ter fechado as portas em 2021.
Documento a que Airway teve acesso mostra que a startup deu entrada no pedido de patentes em setembro de 2020, quando ainda era cotada como uma das mais promissoras fabricantes de nova geração de aviões supersônicos.
O pedido de registro de propriedade intelectual inclui desenhos simples em vários ângulos do AS2, em sua configuração mais recente, com dois motores sob as asas e um instalado na base do estabilizador horizontal.
Por conta da demora nos trâmites do pedido, a Aerion recebeu o certificado de registro apenas no dia 22 de fevereiro último, e que vale por cinco anos.

O registro dos desenhos é uma prática comum em vários setores e visa preservar o direito a algumas soluções técnicas em relação a possíveis cópias não autorizadas. Apesar disso, muitas empresas preferem obter esses certificados em outros países, como é o caso da Embraer, como mostramos recentemente.
O AS2, no entanto, não passou de uma ideia inicialmente bem divulgada e que gerou parcerias bastante chamativas como a fechada com a Boeing ou a NetJets, empresa que chegou a fechar um pedido pelo jato executivo.

Ativos à venda
A Aerion parecia seguir um caminho de sucesso até o surpreendente anúncio do fim do projeto, em maio do ano passado. Seus executivos alegaram na época que o programa não conseguiu obter recursos suficientes para bancar os investimentos necessários.
Fundada em 2003 por Robert Bass, a Aerion pretendia colocar no mercado um jato executivo com capacidade para até 12 passageiros. O projeto original foi alterado algumas vezes até a configuração registrada no Brasil.
Nesse meio tempo, empresas como Airbus e Lockheed Martin chegaram a se envolver com o projeto, mas foi a Boeing que teve a parceria mais próxima a partir de 2019.

O AS2 deveria ser capaz de atingir Mach 1.4 (cerca de 1.500 km/h) e voar sem escalas por 9.300 km. Os motores Afinnity seriam fornecidos pela GE enquanto os aviônicos eram fruto de uma parceria com a Honeywell.
Poucas semanas antes de encerrar o projeto, a Aerion anunciou a construção de um fábrica na Flórida e que estava dando início a outro avião supersônico, o AS3, maior e mais veloz, e que seria destinado ao mercado de aviação comercial.
Em setembro do ano passado, uma consultoria contratada pela Aerion revelou a um jornal da Flórida que os ativos da startup seriam vendidos até o final do ano, incluindo os direitos intelectuais do AS2, mas nenhuma informação surgiu desde então.