João Doria confirma desativação do Aeroporto Campo de Marte para aviões
Em coletiva durante inauguração de estações de trens em São Paulo, governador afirmou que pista será transformada em pólo esportivo da prefeitura da capital paulista


Prestes a completar seu centenário, o Campo de Marte, aeroporto na Zona Norte de São Paulo e o mais antigo da capital paulista, deverá ser gradualmente desativado para aeronaves de asas fixas. A confirmação partiu do governador do estado, João Doria, que afirmou que a pista, de 1.600 metros de comprimento, será usada como um pólo esportivo, parte de um parque com mais de 1 milhão de metros quadrados.
Doria deu detalhes sobre as mudanças no aeroporto durante a inauguração de estações de metrô na Zona Leste da cidade quando questionado se a abertura do aeroporto executivo Catarina, nesta segunda-feira em São Roque facilitaria a desativação do Campo de Marte. que hoje é usado por escolas de aviação e a aviação geral, além de helicópteros.
O governador ressaltou, no entanto, que as asas rotativas seguirão operando no local, assim como as instalações da Aeronáutica, incluindo um colégio militar que será construído em breve. Ainda segundo Doria, ele terá um encontro com o Ministro da Infraestrura, Tarcísio Freitas, em janeiro para discutir o cronograma de desativação e voltou a dizer que ele será gradual. Por fim, o governador tucano revelou que soube na semana retrasada que o presidente Jair Bolsonaro havia concordado com o fim dos voos de aviões no Campo de Marte, aeroporto administrado pela estatal federal Infraero.

Primeiro campo de aviação
O Campo de Marte surgiu em 1920 como o primeiro aeródromo da capital paulista, mas acabou sendo bombardeado em 1932 durante a Revolução Constitucionalista. No ano seguinte, no entanto, a então recém fundada Vasp inaugurou ali seus primeiros voos, mas a região, sujeita à alagamentos quando o rio Tietê transbordava, acabou sendo preterida como local ideal para ser o principal aeroporto da cidade. Em 1936, o Campo de Marte deu lugar à Congonhas como aeroporto comercial de São Paulo.
Mas antes de ter relevância civil, o Campo de Marte foi desde o começo da aviação militar uma referência em manutenção de aeronaves, primeiro com a Força Pública do Estado de São Paulo e na década de 30 como parque de material aeronáutico do Exército até que foi repassado para a Aeronáutica em 1941, ano de sua criação. Desde então, a área norte passou a contar com hangares e instalações de manutenção como dos caças F-8 Meteor, F-103 Mirage III e F-5 Tiger II.
Ao mesmo tempo, vários hangares de aviação geral e de helicópteros passaram a ocupar a área sul além de outras instalações complementares como o Hospital da Aeronáutica. O Aeroclue de São Paulo, um dos maiores do país, e que foi fundado em 1932.

Incômodo para a vizinhança
Embora não opere voos comerciais, o Campo de Marte é um dos mais movimentados aeroportos do Brasil graças ao grande volume de operações da aviação geral. Isso acabou acarretando em reclamações de moradores da região que há muito tempo pedem o fechamento da pista. Alguns acidentes relativamente recentes como o de um jato Learjet em 2007 que caiu sobre residências na Casa Verde, a morte do empresário Roger Agnelli, ex-presidente da Vale, em 2016, e outros dois acidentes no ano passado como um King Air ocorrido em julho.
No entanto, os anúncios do fim dos voos no aeroporto são antigos. Em 2009, por exemplo, a ANTT (agência de transportes terrestres) anunciou que o Campo de Marte seria fechado para dar lugar ao trem-bala estudado para ligar São Paulo a Campinas e Rio de Janeiro.
Dois anos atrás, o mesmo Doria, então prefeito de São Paulo, divulgou um projeto de transformar o Campo de Marte em um parque e construir um museu aeroespacial que receberia o acervo do Museu da TAM, fechado desde 2016, e o excedente de aeronaves do Museu da Aeronáutica do Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro.

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