Pandemia e governo populista decretam fim da LATAM Argentina
Filial argentina da companhia aérea encerra operações após 15 anos por conta dos reflexos do coronavírus e da probição de voos implementada pela gestão de Alberto Fernandez

Uma “tempestade perfeita” atingiu a operação da LATAM na Argentina, provocando o fim da subsidiária da companhia aérea no país, após 15 anos de sua criação. O principal motivo do encerramento das operações, anunciado pela matriz no Chile, foi a pandemia do coronavírus, que derrubou a demanda por voos, mas houve um componente extra, o governo populista de Alberto Fernandéz, do partido Judicialista.
Eleito em 2018 como indicado da ex-presidente Cristina Kichner, Fernandéz tem revertido o movimento de desregulamentação e abertura do mercado de aviação comercial, implementado pelo antecessor, Mauricio Macri.
Em vez de promover a concorrência e ampliar a cobertura de voos na Argentina, o atual presidente está reinvestindo na deficitária Aerolíneas Argentinas, que mesmo com a abertura ainda dominava o transporte aéreo no país.
O advento do vírus COVID-19 foi a chave para sufocar as companhias da iniciativa privada ao proibir voos no país até setembro. Ao mesmo tempo, o governo tem se comprometido a manter a Aerolíneas Argentinas viva até a recuperação da demanda – a empresa está sendo fundida com a Austral Lineas Aereas na tentativa de reduzir custos.
Mais uma baixa
Em nota, a LATAM lamentou a dificuldade de construir acordos estruturais com os “atores da indústria local“, vulgo governo argentino. “É uma notícia lamentável mas inevitável. Hoje a LATAM deve focar na transformação do Grupo para se adaptar à aviação no pós COVID-19″, afirmou Roberto Alvo, CEO do Grupo LATAM Airlines.
Com o fim da operação doméstica, a LATAM deixará de atender 12 destinos na Argentina, mas quatro rotas internacionais serão mantidas por outras subsidiárias do grupo, assim que as restrições de tráfego aéreo sejam suspensas.
“A Argentina tem sido e seguirá sendo sempre um país fundamental. As outras filiais do Grupo LATAM continuarão conectando os passageiros deste país com a América Latina e com o mundo”, garantiu Alvo.
A grave crise econômica da Argentina já fez duas outras vítimas, a Avianca e a subsidiária low cost da Norwegian, que foi absorvida pela concorrente JetSmart. Além dela, restam no país apenas as companhias aéreas Andes, em situação financeira delicada, e a Flybondi, a mais agressiva das empresas aéreas de baixo custo.
Diante da estratégia de retomar o monopólio da Aerolíneas Argentinas não será surpresa se novas baixas surgirem nos próximos meses.

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