Quase 36 anos depois, Congonhas voltará a ser aeroporto internacional

Mas diferentemente de 1985, quando recebeu seus últimos voos do exterior, aeroporto da capital paulista será autorizado a operar apenas aeronaves executivas em rotas para fora do país
Pista principal do Aeroporto de Congonhas (Agência Brasil)

A última vez que o Aeroporto de Congonhas recebeu um voo internacional o Brasil era apenas tricampeão de futebol, Ayrton Senna ainda não havia vencido um GP de Fórmula 1 em sua carreira e o país estava perto de deixar a ditadura militar nos meses seguintes.

Era janeiro de 1985 e no dia 20 daquele mês o Aeroporto de Guarulhos, então mais conhecido como “Cumbica”, foi inaugurado, levando os poucos voos internacionais de Congonhas para longe dali.

Após um período em que manteve apenas a ponte aérea com os antigos Lockheed Electra II e alguns voos regionais, o aeroporto na Zona Sul da capital paulista voltou a ganhar destaque com o retorno dos jatos na década de 90.

Nos últimos anos, mesmo sendo o 2º aeroporto mais movimentado do país, Congonhas manteve o status “nacional”, apesar de vários rumores e pedidos para que voltasse a receber voos do exterior.

Pois essa situação mudará até o final deste ano, quase 36 anos depois do último pouso de um avião vindo diretamente de algum ponto fora do Brasil. A Infraero anunciou nesta semana que está realizando a reforma de áreas do terminal aéreo para permitir a operação internacional de voos executivos.

O Caravelle foi um dos primeiros jatos que pousou em Congonhas (Domínio Público)
O jato Caravelle em Congonhas, nos tempos em que o aeroporto era internacional (Domínio Público)

O projeto, segundo a empresa estatal, envolve prover instalações para a Polícia Federal, alfândega da Receita Federal (incluindo área de catering e depósito de bens apreendidos), Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro) e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), com salas de atendimento, higienização e confinamento.

Há também um trabalho para suprir os passageiros com um lounge com toda a infraestrutura para realizar os voos. O investimento é de R$ 2,5 milhões, oriundos do Fundo Nacional de Aviação Civil (FNAC).

“A internacionalização da aviação executiva significa a retomada das operações internacionais em Congonhas, suspensas desde os anos 1980 e abre um amplo campo de negócios para a aviação geral no terminal aeroportuário central da capital paulista. Já neste ano, vamos proporcionar condições de acesso e deslocamento à altura das necessidades do setor empresarial e também das viagens de turismo a outros países”, afirmou o superintendente da Infraero no aeroporto, João Márcio Jordão, que prevê a reabertura internacional em outubro.

Em 1998, aeronaves de grande porte ainda tinham permissão para pousar em Congonhas (Airway)
Desde 1985, o aeroporto não recebe aviões de grande porte, exceto em ocasiões especiais (Airway)

Concorrência ao Catarina

O comunicado da Infraero ocorre no momento em que agências do governo federal liberam o aeroporto privado São Paulo Catarina para operar voos executivos internacionais. A licença para esse tipo de operação foi confirmada nesta quinta-feira, 24, pela ANAC.

Distante cerca de 60 km da capital paulista, o aeroporto da empresa JHSF surgiu diante da demanda de voos executivos que não podiam ser atendidos sobretudo por Congonhas, por conta da limitação de operações após a implantação do sistema de slots.

Agora, com a iminência de também ser uma alternativa para voos de negócios do exterior, o aeroporto terá de disputar a demanda com o concorrente operado pela iniciativa privada.

Bem localizado e com ampla preferência dos passageiros, Congonhas se prepara para sua concessão na última rodada preparada pelo governo federal. Espécie de jóia da coroa da Infraero, o aeroporto certamente atrairá muitos interessados, ainda mais após voltar a ser internacional.

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  1. Que ditadura militar? Basta ler a história e não ouvir o que os comunistas dizem!! Basta comparar o regime militar com as ditaduras ao redor do mundo!!

  2. Bom que também deve poder operar vôos para Buenos Aires, Montevideu e Santiago, usando E-Jets e A319/320

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