SAAB mostra o novo caça Gripen E armado até os dentes

Futuro caça da Força Aérea Brasileira pode ser armado com nove mísseis configurado para missões de superioridade aérea
(SAAB)
Vai encarar? Gripen E configurado para missões de superioridade aérea armado com nove mísseis (SAAB)

A SAAB divulgou nesta semana imagens do novo caça Gripen E com um variado leque de armamentos e sensores para missões de ataque ao solo e superioridade aérea. Chama atenção a grande quantidade de artefatos que a aeronave é capaz de transportar.

A imagem acima mostra o Gripen na configuração de superioridade aérea, armado com sete mísseis de longo alcance Meteor (guiado por radar ativo) em suportes nas asas e na parte inferior da fuselagem e mais dois Iris-T de curto alcance (orientado por infravermelho) nas pontas das asas. Esses dois armamentos, inclusive, serão empregados nos caças da Força Aérea Brasileira (FAB).

Fazendo uma conta simples, na eventualidade de uma improvável guerra do Brasil contra países da América do Sul que operam caças, 15 jatos Gripen E da FAB armados com nove mísseis dariam conta de enfrentar todas as aeronaves de combate do continente, algo em torno de 130 caças da Argentina, Peru, Colômbia, Venezuela, Chile e Equador.

Continuando a demonstração da capacidade de combate do Gripen E, a SAAB mostrou a aeronave em mais duas configurações de ataque ao solo.

Na primeira (imagem abaixo) o caça aparece armado com dois Taurus KEPD 350, um míssil de cruzeiro com mais de 500 km de alcance e orientado por GPS. Essa configuração ainda inclui mais quatro mísseis para autodefesa, dois Meteor e dois Iris-T.

O míssil de cruzeiro Taurus KEPD 350 pode ser empregado para destruir alvos terrestres de grande porte, como bunkers, prédios e pontes (SAAB)

Por fim, vemos o Gripen E (na imagem abaixo) com dois mísseis multiuso de médio alcance RBS-15, artefato que pode ser utilizado para atacar alvos terrestres e navios, além de dois conjuntos SPEAR3 (cada um com três mísseis), armamento que pode ser empregado contra ameaças terrestres, embarcações e radares. Essa configuração ainda tem espaço para um pod Litening G4 para busca e rastreamento de alvos e cinco mísseis de autodefesa, sendo três Meteor e dois Iris-T.

O Gripen E com mísseis RBS 15 e SPEAR3 é ideal para atacar navios inimigos e alvos terrestres (SAAB)

As armas do Gripen E

A nova geração do Gripen poderá carregar uma grande variedade de mísseis, bombas e sensores de alta tecnologia para missões de defesa aérea ou ataque ao solo. São armamentos que podem alcançar alvos que vão muito além do alcance visual dos pilotos e com alta precisão.

A lista de armas sugeridas pela Saab para o caça contém alguns dos artefatos mais avançados da indústria militar, usados por forças armadas de grandes potências militares, como os EUA, Israel e a própria Suécia. No Brasil, o pacote inicial de armas para o Gripen E também será interessante (e ameaçador).

Em 2015, o site G1 publicou uma matéria com dados obtidos através da Lei de Acesso à Informação revelando um contrato da FAB avaliado em US$ 245,3 milhões (cerca de R$ 922,5 milhões na época) para a compra de um pacote de 70 equipamentos, entre mísseis, bombas e sensores para equipar os Gripen.

Por questões estratégicas, a FAB não comenta e nem confirma a quantidade e os tipos de armamentos que serão empregados pelos novos caças. Confira abaixo a provável lista dos principais armamentos que serão disponibilizados para os Gripen do Brasil:

A-Darter

Cotado para ser a principal arma do Gripen NG brasileiro, o míssil de interceptação aérea A-Darter está sendo desenvolvido por um consórcio de empresas do Brasil e África do Sul. As primeiras entregas estão programadas para 2021. Ao todo, a FAB vai receber 8 mísseis com capacidade operacional e 2 modelos de treinamento.

O míssil A-Darter é concebido para o combate "ar-ar"(Divulgação)
O míssil A-Darter é projeta para combates aéreos, com alcance de até 12 km (Divulgação)

O A-Darter é um míssil de curto alcance (12 km), projetado para combates aéreos próximos. O equipamento é orientado por um sensor infravermelho que “persegue” o calor gerado pelo avião inimigo. Não só isso, segundo a FAB, o míssil tem alta capacidade de manobra e poderá ignorar as contramedidas lançadas por aviões hostis.

Iris-T

Outro míssil de combate aéreo, desta vez de médio alcance (até 25 km), o Iris-T fabricado pela Diehl BGT Defence, da Alemanha, é uma importante arma de defesa em diversos países na Europa, em operação desde 2005 e com mais de 5.000 unidades produzidas.

O Iris-T é um míssil muito popular na Europa, com mais de 5 mil unidades produzidas ( (HaraF/Creative Commons)
O Iris-T é um míssil muito popular na Europa, com mais de 5 mil unidades produzidas
(HaraF/Creative Commons)

Como o A-Darter, o míssil alemão também é guiado por infravermelho e pode ignorar contramedidas lançadas por aviões inimigos. Um ponto diferente do armamento é sua capacidade de poder trocar de alvo após o lançamento. O pacote do Iris-T para FAB contém 10 unidades operacionais e outros 20 modelos de treinamento.

Spice 1000

A arma mais poderosa e precisa do Gripen será a bomba Spice 1000, fabricada em Israel pela Rafael Advanced Defense Systems. O artefato é uma espécie de “bomba-planadora”, com pequenas asas que aumentam seu alcance, de até 100 km (dependendo da altitude em que é lançada).

A bomba Spice 1000 possui pequenas asas, que abrem após o lançamento (Bin im Garten/Creative Commons)
A bomba Spice 1000 possui pequenas asas, que abrem após o lançamento (Bin im Garten/Creative Commons)

A Spice 1000 é considerada uma das armas mais letais de Israel, com alto nível de precisão. O nome da bomba é uma referência ao seu peso, de 1.000 libras (450 kg). Depois de lançado do caça, o artefato pode ser guiado por GPS ou marcadores laser (em solo, de outras aeronaves ou do próprio caça), que “iluminam” o alvo. A encomenda da FAB contempla 20 artefatos.

Spice 250

A Spice 250, também fabricada pela Rafael, é uma espécie de miniatura da Spice 1000, com 250 libras (113 kg). Como sua irmã maior, a bomba também conta com pequenas asas e é orientada por laser e GPS. A encomenda prevista no contrato é de 30 bombas com capacidade operacional.

Caças podem levar até quatro bombas Spice 250 e cada cabide de armamentos (Poder Aéreo)
Caças podem levar até quatro bombas Spice 250 em cada cabide de armamentos (Poder Aéreo)

As bombas da série Spice já foram certificadas pela Rafael para equipar caças como os F-15 e F-16 de Israel e outros jatos como o Mirage 2000, Panavia Tornado e versões anteriores do Gripen (C/D). O Brasil será o primeiro cliente estrangeiro das bombas israelenses.

Litening G4

Essencial para o lançamento de armamentos do Gripen, o pod Litening G4 é um casulo com um potente sensor infravermelho para busca de alvos no ar e em solo, especialmente em missões noturnas. O equipamento é fabricado pela israelense Rafael a Northrop Grumman, dos EUA.

O pod Litening é um importante equipamento para a marcação de alvos e missões de vigilância (Poder Aéreo)
O pod Litening é um importante equipamento para a marcação de alvos e missões de vigilância (Poder Aéreo)

A FAB encomendou 10 desses equipamentos. Os pods Litening podem ser utilizados por uma grande variedade de aeronaves, desde o bombardeiro B-52 até caças como o F/A-18 e o Gripen. O Brasil já utiliza uma versão anterior desse sistema nos caças A-1 (Embraer AMX).

Reccelite

Outro produto da Rafael Systems, o pod Reccelite é um equipamento para missões de reconhecimento com uma série de sensores e câmeras usados para a marcar alvos e mapeamento de alta resolução de terrenos com transmissão em tempo real para bases de comando.

O Reccelite é operado por caças de forças aéreas de países como Israel, Espanha e Afeganistão. O pedido da FAB contém 4 unidades.

Nota do editor: outra arma do Gripen NG do Brasil será o canhão de 27 mm Rheinmetall BK27, fabricado na Alemanha.

Veja mais: Primeiro caça Gripen brasileiros chegará ao país de navio

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5 comments
  1. Excelente artigo com informações importantes com a capacidade de combate e armamentos do novo vetor de combate da FAB.

  2. Excelente reportagem.
    Deixou algumas dúvidas: quem ficou responsável pela parte brasileira da produção do A-Darter que estava na Mectron?
    Em compras futuras a FAB daria prioridade ao A-Darter ou ao Iris-T?
    Obrigado
    Continuem o bom trabalho.

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