Seria o novo jato T-7 um sucessor para os caças F-5 da FAB?

Boeing afirma que uma versão de caça leve do treinador avançado poderia ser uma opção para forças aéreas que operam o antigo jato da Northrop
Boeing Saab T-7A Red Hawk: jato de treinamento terá versão de caça que tentará ser sucessora do F-5 Tiger II (USAF)
Boeing Saab T-7A Red Hawk: jato de treinamento terá versão de caça que tentará ser sucessora do F-5 Tiger II (USAF)

Concebido pela Boeing em parceria com a Saab, o jato de treinamento avançado T-7A Red Hawk será o sucessor do famoso T-38 Talon na Força Aérea dos EUA. Mas a fabricante americana pensa além dessa encomenda e faz planos de lançar uma versão de caça leve da aeronave no mercado global.

A intenção já vem de longa data, mas a Boeing voltou a dar pistas sobre a versão de combate do T-7. Segundo ela, existe um mercado potencial para cerca de 2.600 aviões nas funções de treinamento avançado, caça leve ou agressor (simulando aviões inimigos).

Embora não tenha citado países que possam se interessar pelo novo avião, a Boeing afirmou para o site Flight Global que o Red Hawk seria o sucessor natural de treinadores como o Alpha Jet e caças como o F-5 Tiger II.

Substituir o conhecido caça da Northrop era esperado afinal o T-7 fará o mesmo com o irmão do F-5, o T-38. Segundo a consultoria Cirium, há cerca de 430 unidades do F-5 ativas no mundo de 17 países diferentes, incluindo o Brasil.

Produzido a partir dos anos 60, o F-5 foi uma opção barata para muitas forças aéreas que não possuíam recursos para adquirir caças supersônicos. Sua versatilidade e baixo custo de operação garantiram a ela uma presença ativa em países como a Suíça, Marrocos e o Irã que, a despeito do embargo dos EUA, ainda mantém uma frota significatica do jato.

O T-7 tenta seguir os passos do famoso caça bimotor ao oferecer uma manutenção acessível e simples. A aeronave utiliza um motor GE F404 amplamente utilizado em outros caças como o F-18 e o próprio rival do Red Hawk, o sul-coreano KAI T-50. O treinador avançado é um pouco maior que um F-5, mas bem mais leve afinal ainda não se trata da variante de combate.

O caça F-5 Tiger foi uma das aeronaves de defesa utilizadas durante a Rio 2016 (FAB)
O Brasil é um dos maiores operadores do caça F-5 Tiger II que estão na Força Aérea desde os anos 70 (FAB)

Primo do Gripen

Esse perfil faz da versão de combate do T-7 uma aquisição interessante para a Força Aérea Brasileira, ao menos em tese. Embora o programa F-X2 seja tratado como a solução ideal para fornecer superioridade aérea ao país com o Gripen NG, fato é que os 36 caças adquiridos são uma ínfima parte do que seria necessário para defender um território tão extenso.

É também óbvio que o jato sueco é extremamente versátil e pode executar diversas missões, mas parece oportuno que a FAB possua uma segunda aeronave que apoie o Gripen assim como os F-5 fizeram com os Mirage III.

Embora não tenha como rivalizar com o futuro F-39, a versão de caça do T-7 certamente custaria muito menos que o avião da Saab. Enquanto o Brasil pagou algo como US$ 112 milhões (R$ 600 milhões) por cada Gripen (mais toda a transferência de tecnologia e outros equipamentos), a USAF deve pagar no máximo US$ 26 milhões (R$ 140 milhões) por unidade do Red Hawk – foram 351 aviões encomendados.

Mesmo que se considere que o caça será mais caro por receber mais equipamentos e reforços, ele não deve nem mesmo se aproximar do “primo” sueco. Por falar no parentesco dentro da Saab, o novo avião de treinamento avançado tem outra vantagem latente para clientes do Gripen: ele utiliza o mesmo motor do caça, que é produzido pela Volvo sob licença como RM12.

Claro que isso é apenas um exercício de imaginação, mas que coincide com algumas mudanças no cenário de defesa. Embora alguns programas avançados (e caros) estejam sendo levados à frente como o dos caças Sukhoi Su-57 e Chendgu J-20 e os projetos conjuntos europeus, o recente anúncio de que a Força Aérea dos EUA voltou a encomendar o F-15 traduz como nenhum outro uma verdade inconveniente, a de que algumas aeronaves se tornaram muito caras para o que se propõem.

O F-22 Raptor e o F-35 são o exemplo claro de que nem sempre tecnologia de ponta é a melhor solução para fornecer capacidade de defesa a uma nação. Nada como uma plataforma confiável, testada e mais barata para fazer o trabalho pesado. Se a Boeing conseguir fazer com o T-7 a mesma coisa terá um produto com enorme potencial, sem dúvida.

O F-15EX, versão mais moderna e capaz do caça dos anos 70: mesmo não sendo invisível aos radares, caça ainda é muito capaz e barato (Boeing)

Veja também: Suécia prepara planos sobre caça da próxima geração

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  1. Amigos, ex-pilotos da FAB já declararam que a autonomia do F-5 armado com 4 mísseis e um tanque de combustível não passa de alguns quilômetros, o Brasil é gigante pela própria natureza. Esse avião é de treinamento. Nunca vai ser um avião de combate, temos que pensar na defesa do nosso país. Isso é complexo de vira-latas. O Brasil não tem mísseis anti-aéreos de médio e longo alcance

  2. Brasil e os lixoes militares , tipo um desmanche nada funciona , nada é para o que deveria ser , forças militares vergonha nacional

  3. Os gripen já são caças leves, o certo era substituir f5 pelos gripen e adiquirir caças pesados.. nosso território e grande de mais, na vdd até a compra dos gripen foi iquivocada… Não tem autônomia, os gripen ng foi feito pra suprir a nessecidade da Suécia que é um ovo de codorna…

  4. Tradicionalmente pós segunda guerra o Brasil foi cliente dos EUA para aviação militar, formando praticamente sua Força Aérea com as sobras do maquinário de guerra americanos. Porém, agora com uma indústria aeronáutica capaz de preocupar os grandes do mundo no ramo aeronáutico é hora do Brasil produzir o que precisa. Produzimos a maior parte da matéria prima, temos mão de obra capaz, gente preocupada em pesquisar e produzir tech’s de ponta para o setor, etc. Nos falta dinheiro sim, mas o que principalmente nos falta e por de lado o malfadado complexo de vira lata e partir para o primeiro passo. Criticar nossa FAB, nossa economia, não passa de manifestação desse complexo. Será que vamos daqui a 80 anos à frente continuar a nos chamar de “país do futuro?”.

  5. Sem dúvida o Brasil esta indefeso a qualquer ameaça externa. É urgente investir em mísseis anti aéreos de médio alcance e caças com grande autonomia. Nao se pode manter a paz sem estar preparado para a guerra. O submarino nuclear está em compasso de tartaruga. A essa altura já deveríamos ter pelo menos 3 unidades operacionais.
    Também defendo o desenvolvimento de mísseis de longo alcance, sem ou com .ogivas nucleares como discussão há invasão estrangeira bélicos a, pois econômica ja temos.

  6. Falou tudo somos sim gigantes pela própria natureza e sim podemos produzir o nosso próprio arsenal de dê defesa.

  7. Se a compra desses jatos seguir aesma logistica que foi a do F5 americano o Brasil fara uma pessima escolha. A FAB ficou desamparada em pecas e armamentos restando aos engenheiros um estudo por conta propria da nave. Chega de enganacao podemos sim desenvolver nossos proprios cacas de treinamento. Temos tecnologia

  8. Uma ressalva é que os nossos gripen usam as GE F414, mais potentes. Considero o T-7 uma boa opção de caça leve para complementar o serviço dos gripen, principalmente se produzidos localmente …

  9. Estou com o Maury, está na hora do Brasil produzir o seu próprio avião de combate, o seu próprio avião de reconhecimento, já temos o avião para 9 transporte de tropas o KC 390, está hora de termos a nossa independência tecnológica a respeito deste tipo de arma, ou seremos sempre cabresto das empresas americanas e ou europeias, temos que seguir em frente com o que sabemos fazer.

  10. Tem q se lembrar que a gnt já tem um contrato forte om a saab que nada mais, nada menos que provem de transferencia tecnologica e autonomia de construção para as novas undades no futuro. Então pra que comprar tecnologia americana, provavelmente cara, e com custos exorbitantes de manutenção. Não iremos comprar esse tipo de coisa pois já temos ótimas plataformas 100% brasileiras como o tucano para ataque leve e o gripen como aeronave de combate. Entao pra que ter mais que isso. Digo que uma boa aquisição seria algumas unidades do viper como helicoptero de ataque leve. E nada mais. O Brasil tem que se focar em adquirir sistemas de defesa aérea mais eficientes como o s400 russo e depois disso aumentar o poder naval com mais submarinos, corvetas e fragatas. Que no momento nao temos o basico para defender nem 70% da nossa costa

  11. Que viagem. O Gripen é um dos melhores projetos da geração 4++, se não for o melhor e tem gente achando uma boa comprar um caça praticamente específico para treinamento pra substituir os F5 da FAB? Sem contar as vantagens do contrato do Projeto F-X2, acordo de compensação, transferência de tecnologia, participação ativa da indústria nacional e as vantagens comerciais, vamos lucrar com todas as vendas de Gripen.
    Nosso Super Tucano é um excelente avião para treinamento, apoio ar/terra e combate leve. A própria USAF estudo utilizá-lo para substituir a frota cara (mas foda pra kct) de A10 Thunderbolt. Além de que a FAB pode aproveitar os próprios AMX e F5 para adaptar como caça de treinamento (principalmente os AMX). Não faz o menor sentido querer o T7 para substituir os F5. E faz menos sentido ainda comparar o preço da unidade do Gripen e do T7. Um é um caça multiuso de guerra, o outro é um caça para treinamento, é óbvio que o T7 é infinitamente mais barato.

  12. O país é muito rico e, com boa gestão dos recursos é sem os desvios que todos conhecemos e que infelizmente navega tranquilamente aqui no Brasil, teremos dinheiro sobrando pra muitas das atividades que precisamos por em prática. Hoje temos como prioridades a infraestrutura, a saúde, a segurança pública e a educação, mas o olhar pra outros ramos das nossas necessidades é importante e a defesas é um desses importantes ramos a nos preocupar. Não podemos nos furtar a ter equipamentos marítimos, terrestres e aéreos de qualidade e com capacidade de defender nosso território.

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