Turboélice russo Ilyushin Il-114-300 deverá realizar voo inaugural em setembro

Aeronave regional de passageiros é uma versão modernizada do modelo original desenvolvido pela Ilyushin e cotado como concorrente local do franco-italiano ATR
O primeiro protótipo do Ilyushin Il-114-300: voo inaugural em setembro (UAC)
O primeiro protótipo do Ilyushin Il-114-300: voo inaugural em setembro (UAC)

A UAC deverá realizar o voo inaugural do turboélice Il-114-300 em setembro, confirmou nesta quarta-feira, 8, o ministro da Indústria da Rússia, Oleg Bocharov, à imprensa do país. A aeronave de passageiros é uma versão aprimorada do modelo original, criado pela Ilyushin nos anos 80 e que voou pela primeira vez em 1990.

Com até 68 lugares, o turboélice bimotor deverá entrar em serviço em 2023 e ter uma cadência de produção anual de 12 unidades. “Teremos o voo inaugural da aeronave em meados de setembro”, disse Bocharov à agência TASS.

O Il-114-300 foi lançado oficialmente pela UAC em meados da década com a meta de realizar o primeiro voo em 2018 e entrar em serviço em 2022, mas o programa atrasou e o primeiro avião de teste só ficou pronto meses atrás. O trabalho está a cargo da MiG e de outras três fábricas que fazem parte do conglomerado da UAC. Um segundo protótipo, seguindo padrões de produção em série está sendo montado e deve ficar pronto até o final do ano.

Concorrente para o ATR

A opção por atualizar o Il-114, um turboélice fracassado e que teve apenas 20 unidades construídas, deveria ter ajudado a encurtar o cronograma e baratear seu programa, mas não foi bem assim, como em geral tem ocorrido com outros projetos pós-União Soviética.

Grupo UAC está desenvolvendo a nova geração do IL-114, cuja produção foi suspensa em 2012 (Divulgação)
O Il-114-300 deverá entrar em serviço em 2023 (Divulgação)

O governo russo aposta no Il-114-300 como uma alternativa nacional para a aviação regional do país. Com proposta semelhante ao ATR, a aeronave utiliza apenas componentes russos como o motor TV7-117ST-01 e aviônicos avançados. Uma dos diferenciais em que apostam seus idealizadores é o fato de o turboélice poder operar em aeroportos sem infraestrutura adequada. Ele possui escada retrátil e acesso do solo para inspeções de manutenção, diz a fabricante.

A configuração do bimotor praticamente não mudou em relação ao Il-114 original. Com asas baixas e cauda convencional, o Ilyushin lembra muito outro turboélice regional, o British Aerospace ATP, uma versão maior e mais moderna do conhecido Avro 748 que operou no Brasil.

Não há ainda pedidos oficiais, mas o Kremlin, por meio de uma estatal de leasing, já manifestou interesse em adquirir 50 aeronaves. Outro argumento a favor do modelo é que o Il-114-300 possui quase 40% mais autonomia que o franco-italiano ATR além de ser em tese mais barato de operar.

Se conseguir substituir os velhos turboélices militares An-24 e An-26 que hoje são usados em rotas regionais, o novo avião russo já terá conseguido um grande feito. Vladimir Putin, o eterno presidente da Rússia, tem incentivado programas nacionais de desenvolvimento de aeronaves civis como os jatos de passageiros SSJ100 e MC-21-300. Até mesmo o velho quadrimotor Il-96 deve ganhar nova roupagem enquanto a UAC não consegue avançar com o CR-929, um widebody  projetado em parceria com a COMAC, da China.

O turboélice ATP, da antiga British Aerospace: inspiração para os russos? (BAe)

Veja também: Fabricante russa Tupolev quer lançar jato executivo supersônico

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  1. O turboélice tem um custo operacional menor que um jato puro. É empregado em vôos para cidades e regiões de menor demanda de passageiros.

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